Autor: Marcelo Oliveira Nascimento

Marcelo Oliveira Nascimento é historiador, formado em Sistemas de Informação com especialização em História e Antropologia. É sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Pesqueira e autor de vários livros sobre a história de Pesqueira e Cimbres. É administrador do Pesqueira Histórica desde 2010, que conta com site, podcast e um canal no YouTube, plataformas todas voltadas à divulgação da história local.

Imagens de Dom Palmeira em 1996

O administrador do site  http://www.tudopb.com/, Braz Araújo, disponibilizou raras imagens em vídeo do saudoso bispo de Pesqueira Dom Manoel Palmeira. Trata-se de uma missa realizada na Catedral de Santa Águeda em 3 de março de 1996. O vídeo segue abaixo:

Na época Dom Palmeira era bispo emérito da Diocese, quando Dom Dino Marchió já era o titular.

Nossos agradecimentos ao site tudopb.com por ter nos dado acesso a tão raro arquivo. Não conhecemos outras imagens em vídeo de Dom Palmeira.

Por Oliveira do Nascimento.

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Pesqueira faz 132 anos de elevação à categoria de cidade

Embora a mudança de status de vila para cidade naquele 20 de abril de 1880 nada tenha mudado em Pesqueira, esta acabou sendo nossa data magna. Não canso de repetir que essa data em nada ajuda a divulgar Pesqueira como cidade histórica, convenhamos que 132 anos é muito pouco para um lugar que assim se diz. Fosse nosso aniversário comemorado em 13 de maio, quando em 1836 Pesqueira herdou oficialmente a sede do município de Cimbres, estaríamos comemorando seus 176 anos. E mais, se considerássemos nossa data magna como sendo a data de criação do município (que se deu em 3 de abril de 1762), estaríamos comemorando incríveis 250 anos!

Antiga Casa de Câmara e Cadeia
Foto: Oliveira do Nascimento

Nunca canso de lembrar que a elevação de Pesqueira a cidade nada tem a ver com emancipação política. Aliás, são coisas completamente diferentes. Emanciparam-se cidades como Arcoverde, Sanharó, Poção, Alagoinha, entre outras. Estas ganharam independência política de Pesqueira, município do qual deixaram de fazer parte. No caso específico de Pesqueira jamais houve emancipação, o que ocorreu foi apenas a mudança da sede do município em 1836, em 1880 mudou-se a categoria da sede do município, que deixou de ser vila para ser cidade, na prática nada sendo alterado. A prova disso é que desde 3 de abril de 1762 temos uma câmara de vereadores (senado que funcionou inicialmente em Cimbres) com seus membros e juiz ordinário. Em 20 de abril de 1880 nada foi mudado nessa estrutura, continuamos com a Câmara, seus vereadores e seu juiz ordinário. A figura do prefeito só apareceria oficialmente em Pernambuco com a Lei Estadual nº 52 de 3 de agosto de 1892, que tornava todos os municípios autônomos, fossem vilas ou cidades.
Oliveira do Nascimento
20 de abril de 2012.
132 anos da elevação de Pesqueira à categoria de cidade.
Veja mais detalhes sobre o assunto em:
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Matéria do Ph reproduzida em outros blogs

Com satisfação anuncio que a matéria Quantos Anos Tem Pesqueira?, publicada em junho de 2011 foi reproduzida nos blogs pesqueirenses Pesqueira em Foco e EncartNotícias e também no blog Instituto Garanhuns, este daquela bela e histórica cidade. O assunto em questão foi a data de aniversário de Pesqueira. A matéria original pode ser lida clicando AQUI e abaixo seguem os links da matéria para leitura nos blogs citados:
No Pesqueira em Foco, clique AQUI e AQUI
No EncartNotícias, clique AQUI
No InstitutoGaranhuns, clique AQUI
Agradeço ao pessoal dos blogs e ao leitor Ernesto Moura. Especial agradecimento a Ronaldo Cesar pela citação e link do Pesqueira Histórica no blog do Instituto Garanhuns. Um dos meus sonhos é que todos os sites de história local sejam interligados por uma rede e que haja interação entre os pesquisadores de cada região. Quiçá um dia criemos uma liga de historiadores regionais!
Oliveira do Nascimento
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Cimbres: 250 Anos

Nos primórdios, a região onde hoje fica a vila de Cimbres e a cidade de Pesqueira era ocupada pela tribo chamada de Ararobá. Depois sua ocupação passou para a tribo Xukuru. Dos Ararobás ficou apenas o nome da serra. Nos arredores viviam os Paratiós, de outra tribo. Estes foram os primeiros donos das terras nas quais vivemos hoje.
Em 1654 João Fernandes Vieira ganhou da Coroa portuguesa um sem mundo de terras, inclusive as ocupadas pelas tribos citadas. Em 1666 mandou seu feitor Manuel Caldeira ocupá-las1. Era o início da entrada da população branca na região. Na mesma época, ainda na segunda metade do século XVII, o padre oratoriano João Duarte do Sacramento fundou a missão de Ararobá junto aos Xukurus e deu o nome de Monte Alegre ao lugar que, progredindo rápido, em 1692 virou sede de freguesia2. No ano anterior, comprovadamente, Monte Alegre era também sede de capitania3 e, em 1762, alcançou o ápice da política administrativa sendo elevada a vila e sede de município, que passou então a ser chamado de Cimbres. Foi um 3 de abril que ficou na história. O ouvidor de Alagoas, dr. Manuel Gouveia Alvares, foi o encarregado de sua instalação. Dias antes foi fixado o edital num mastro convocando todos os moradores para a solenidade. Hoje, graças ao heroísmo de José Florêncio Neto, que o salvou de uma enchente no arquivo da Prefeitura, temos o Livro da Criação da Vila de Cimbres, onde foram registados importantes documentos sobre a vila com datas desde 1755 até 1867, inclusive a ata de instalação. É uma coleção de fontes primárias de pesquisa de valor tão grande que não conseguimos medir. Nela consta inclusive detalhes sobre a construção da casa de câmara, cadeia e ouvidoria, preciosa descrição.
Cimbres durante muitos anos foi o único lugar organizadamente habitado da região, o único centro político do Sertão, terra de autoridades políticas e militares. No entanto a força de um lugarejo três léguas abaixo da serra do Ararobá foi maior. Essa força nasceu da ambição de um homem, um autêntico sertanejo da ribeira do Moxotó: Manuel José de Siqueira. Sua fazenda em 1836 já tinha progredido tanto que acabou arrastando a sede do município de Cimbres serra abaixo. Foi naquele ano que a antiga vila começou a trilhar o caminho rumo ao esquecimento. Da época áurea restou apenas a igreja de Nossa Senhora das Montanhas, que funciona plenamente desde sua construção, mesmo depois da criação da freguesia de Santa Águeda em 1870, esta na então vila de Pesqueira. Como símbolo da política e do poder restou o acanhado prédio do Senado, relíquia da época da colônia, hoje em mau estado, em nada lembrando o auge da sua importância.
Atualmente Cimbres está quieta, num silêncio que apenas as coisas mortas têm. Sua história encontra-se esquecida pela maioria. Para estes o lugar não passa de um ponto no caminho entre Pesqueira e o santuário do sítio Guarda: fato triste e lamentável. Mesmo assim sua arquitetura continua resistindo ao tempo, muitas casinhas dos séculos XVIII e XIX ainda resistem de pé, no entanto passando despercebidas.
Hoje contamos 250 anos desde aquele 3 de abril de 1762. São dois séculos e meio do município de Cimbres, são dois séculos e meio do município de Pesqueira, que é na verdade o de Cimbres que em 1836 mudou de endereço e em 1913 mudou de nome4. Hoje devia haver uma grande comemoração, mas creio que será um dia como outro qualquer. Creio também que a maior parte das pessoas nem saibam desse 3 de abril, pois é data que não consta no calendário do atual município.
Seja como for, Cimbres, eu te reverencio.
Por Oliveira do Nascimento
3 de abril de 2012, aniversário de 250 anos da vila e município de Cimbres.



Fontes:
  1.  BARBALHO, Nelson. Caboclos do Urubá. FIAM/CEHM. Recife: 1977.
  2. A freguesia existente em Monte Alegre (depois Cimbres) não foi criada em 1762 como afirma Alfredo Leite Cavalcanti em sua obra (brilhante por sinal) História de Garanhuns – volume 1.
  3. Esta é outra informação divergente do que conta Alfredo Leite Cavalcanti na obra já citada.
  4. MACIEL, José de Almeida. Pesqueira e o Antigo Termo de Cimbres. FIAM/CEHM. Recife, 1980.


Notas:
  • Sobre a data de criação e localização da sede da Capitania de Ararobá, bem como sobre a criação da freguesia, trataremos em momento oportuno.



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Fábrica Rosa no Começo do Século XX

Mais uma foto do começo do século XX. Na imagem, retirada do Álbum de Pernambuco (editado em 1913), vemos a Fábrica Rosa em seus primeiros anos. A data da foto na verdade é anterior à publicação, provavelmente de 1909.
Fábrica Rosa. Foto provavelmente de 1909.
Autor desconhecido. Cedida por José Florêncio Neto
Os indícios sobre a data são os seguintes:
  1. Os trilhos do bonde de burros que ligava a estação ferroviária à Fábrica Peixe não aparece na foto. Como é sabido, em 1911 os trilhos já estavam instalados e a linha funcionando plenamente;
  2. A reforma feita na fachada da fábrica também não aparece. Segundo gravação na própria fachada, essa obra é de 1910 (ver nas fotos recentes);
  3. No mesmo álbum de onde a foto foi retirada consta uma outra, da Fábrica Peixe (sem os trilhos do bonde na frente), na qual aparece a igreja do convento dos Franciscanos ainda sem o relógio na torre. A igreja é de 1908 e o relógio foi instalado em 1911 (ver matéria Fábrica Peixe no Começo do Século XX).
A construção da Rosa é de 1906 (WILSON, 1980), portanto a imagem é uma das primeiras da fábrica fundada por Tonhé Didier. Na verdade talvez seja a única que mostre a fachada original.
Fábrica Rosa em 1928
Foto: Severiano Jatobá Neto
A reforma citada acrescentou uma porta nova, que hoje serve de entrada para setores da prefeitura, e modificou a altura da platibanda frontal em um longo trecho. É importante observar também que foi acrescentado no fim da construção uma nova dependência, que hoje serve de sede da APLA – Academia Pesqueirense de Letras e Artes. Não sei se foi construída em 1910, mas é certo que em 1928 já estava ali, como pode ser visto na foto correspondente (na extrema esquerda da foto, ao longe). A chaminé, que não aparece na foto mais antiga, já aparece na de 1928 (retirada do livro Pesqueira Secular, 1980), bem como os trilhos do bonde.
Fábrica Rosa em 2011
Foto: Oliveira do Nascimento
Assim como na matéria Fábrica Peixe no Começo do Século XX, publicada em 5 de fevereiro deste ano, a imagem em foco não é de boa qualidade mesmo no próprio álbum, no entanto seu valor histórico é inestimável e ajuda a montar mais uma pequena parte do quebra-cabeça da história de Pesqueira.

Por Oliveira do Nascimento.

 OBS: CLIQUE NAS FOTOS PARA AMPLIAR.

Fontes:
  1. WILSON, Luis. Ararobá, Lendária e Eterna. Pesqueira: Prefeitura Municipal, 1980.
  2. BURGOS, Nivaldo et al. Pesqueira Secular – Crônicas da Velha Cidade. Prefeitura de Pesqueira, 1980.
  3. Álbum de Pernambuco. 1913


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O Convento de Pesqueira

Marcelo O. do Nascimento

Entre outubro 1901 e abril 1902, Dom Luiz Raimundo da Silva Britto, bispo de Olinda, a única diocese de Pernambuco na época (a diocese de Floresta só apareceria em 1910), percorreu o interior do Estado em visita pastoral. Acompanhado por 4 religiosos franciscanos, cedidos pelo padre provincial da Bahia, Frei Hipólito Zurek, visitou nada menos que 40 freguesias.

Inauguração da gruta em 1925
Foto: autor desconhecido (Álbum de Pesqueira, 1923-1925)
Dom Luiz, querendo deixar registrada sua gratidão ao povo, pediu a Frei Hipólito Zurek que fundasse no sertão um novo convento. Dentre todos os lugares conhecidos, a dúvida recaiu sobre Pesqueira e Triunfo. No entanto, pelo entusiamo, bom acolhimento aos religiosos e disposição do seu povo, Pesqueira fora o lugar escolhido. Rapidamente a quantia de 12:000$000 foi levantada e a 1 de agosto de 1902, Dom Luiz sentou a pedra fundamental da obra.

Em 2 de fevereiro de 1905, Dom Luiz de Brito, agora na companhia de Frei Hipólito, benzeu solenemente o convento, que teve como primeiro superior Frei Adalberto, auxiliado por Frei Roberto e Frei Bernardino. Quando inaugurado, contava apenas com o claustro e as dependências inerentes à vida dos frades, mas, evidentemente, uma igreja era fundamental e necessária. Assim, um ano depois, em 1906, deu-se início à construção do templo. O auxílio da população foi tão grande para essa nova obra que em 8 de dezembro do mesmo ano a torre já estava erguida. Em 24 de maio de 1908, em sua última visita a Pesqueira, enfim Dom Luiz inaugura a igreja.

O relógio da torre foi instalado mais tarde, em 1911, doação de Frederico Alves do Rego Maciel (1), um grande benfeitor pesqueirense. Naquela época a igreja de Santa Águeda já existia, funcionava desde 1889, mas suas torres não tinham relógios, que só foram instalados nos anos 50. A capelinha de Nossa Senhora Mãe dos Homens ainda não tinha torre e nunca teve relógio. Assim, por mais de 40 anos, o relógio do convento foi o único relógio público de Pesqueira.
Inauguração da igreja do convento em 1908
Foto: autor desconhecido (cedida por Pe. Eduardo Valenca)
Outra característica marcante do convento é a gruta que fica em frente a igreja, dividindo a escadaria. Ela foi inaugurada em 31 de maio de 1925, obra de Frei Bonifácio, completando definitivamente o conjunto arquitetônico de estilo alemão.
O presente de Dom Luís e Frei Hipólito, faz parte da paisagem de Pesqueira há mais de 100 anos, tendo chegado à cidade antes mesmo da diocese. Durante esse tempo tem sido marcante para a cidade, pela assistência religiosa e pela caridade. Sede da paróquia de Nossa Senhora da Conceição desde 1960, cativa pessoas de todos os lugares.
É pena os 100 anos do convento ter passado em branco. Em 2005 devíamos ter prestado as homenagens merecidas a seus fundadores, devíamos ter fixado uma marca em algum lugar visível ao público (2). A ação devia ter partido do poder público e da comunidade, mas ficamos todos em silêncio.

Fontes:
  1. PACHÊCO, Felipe Condurú. D. Luís de Britto – O primeiro arcebispo de Olinda. Departamento de Imprensa Nacional. 1957.
  2. Álbum de Pesqueira, 1923-1925. Administração do Major Cândido de Britto.
  3. WILSON, Luís. Ararobá, Lendária e Eterna. Pesqueira: Prefeitura Municipal. 1980.




NOTAS:

  1. Matéria atualizada em 01/05/2012: a doação do relógio não foi feita pela Comendador José Didier, como constava antes no texto. Este foi um dos mais religiosos homens que Pesqueira já viu;
  2. Matéria atualizada em 14/03/12: o convento completou 100 anos em 2005 e não em 2002, como constava antes no texto.
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Fábrica Peixe no Começo do Século XX

Mais uma imagem antiga de Pesqueira. Essa foi retirada do Álbum de Pernambuco, publicado em 1913 (cedido gentilmente por José Florêncio Neto, do Instituto Histórico de Pesqueira). No entanto, a foto é anterior. Provavelmente ela data entre maio de 1908 e, no máximo, algum mês de 1910. Os índicios são os seguintes:
  1. A igreja do Convento dos Franciscanos foi inaugurada em 24 de maio de 1908 (v. Álbum de Pesqueira, 1925) e a mesma já aparece na foto;
  2. O relógio da torre da igreja foi instalado em 1911 (v. Ararobá, Lendária e Eterna. Pesqueira, 1980) e o mesmo NÃO aparece na foto;
  3. Os trilhos do bonde de burros que ligavam a Fábrica Peixe à estação ferroviária tiveram sua última fase de implantação em 1911 (v. Ararobá, Lendária e Eterna…) e os mesmos NÃO aparecem na foto;
  4. No mesmo álbum, fonte desta fotografia, aparece uma foto da Fábrica Rosa tirada antes de 1910, já que a reforma feita em sua fachada naquele ano ainda não aparece.
Clique na imagem para ampliar
Sobre o tão falado bonde tracionado por burros, Luís Wilson (em Ararobá, Lendária e Eterna, obra já citada) dá a entender que a linha foi instalada depois de 1908 e que sua última fase de implantação foi concluída em 07 de maio de 1911, com a inauguração do bonde de passageiros. Não encontro informações sobre o primeiro ano de funcionamento, se foi em 1911 ou antes. De qualquer forma, na data citada seu funcionamento já era pleno.
Apenas por curiosidade, o chalé vizinho à fábrica foi residência do casal Carlos e Maria Brito a partir de 1897. Foi alí que começara a fabricação dos famosos doces de goiaba por dona Yayá e dona Dina Doceira.
A imagem tem pouca qualidade mesmo no Álbum, infelizmente. Não tenho notícias da original. Suponho que o fotógrafo tenha sido da editora, em Recife, e não de Pesqueira, o que diminui as possibilidades de acesso à mesma. Seja como for, fica o registro histórico.
Pesqueira, 05 de fevereiro de 2012, dia de Santa Águeda.

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A História de Cordel de José Evangelista

Confesso que não conhecia o trabalho do cordelista pesqueirense José Evangelista. Apenas recentemente fiquei sabendo de sua obra, que é vasta e aborda temas variados. No entanto, há uma edição em especial que fala da história de Pesqueira. A novidade é o formato em si, nossa história contada por outro meio e com outra linguagem. O título é Pesqueira Terra da Graça, Terra do Doce e da Renda.
Capa da obra
Evidentemente não podemos dar detalhes diretos do texto, já que se trata de um trabalho de natureza artística – que deve ser lido e apreciado –, mas podemos dizer que José Evangelista conta histórias que cobrem vários períodos: a fundação de Cimbres, a fundação da fazenda Poço do Pesqueiro, a instalação da diocese, etc. As personalidades citadas também são muitas e vão de Manuel José de Siqueira e Dom José Lopes a nomes mais recentes como Luciano Veloso, Paulo Diniz e Chicão Xukuru. Há ainda nomes populares como João Catrevage e outros. E não só personalidades, mas também estão presentes na obra a natureza, a paisagem e os movimentos populares.
        
Para quem acha que o cordel foi esquecido, está aí João Evangelista para provar, com competência, o contrário. Além do contato com essa forma de arte, o que não tem preço, esta é a chance de ver a história de Pesqueira de outra forma, vê-la pelos olhos de um artista.
Oliveira do Nascimento
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Lançado o primeiro volume do Pesqueira Histórica

O site Pesqueira Histórica acaba de lançar um livro com a compilação das matérias publicadas entre 2010 e 2011. O texto foi adaptado para o formato impresso, mas não sofreu alterações radicais. Várias notas de rodapé foram incluídas com a intenção de esclarecer algumas dúvidas que permaneceram nas publicações originais.
Este é um marco na história do site e marca sua inclusão na área das publicações tradicionais.
O livro pode ser comprado pelo site do Clube de Autores (www.clubedeautores.com.br) ou pelo e-mail vendas@pesqueirahistorica.com. Comprando direto conosco e sendo você de Pesqueira, podemos entregar o livro pessoalmente, assim você economiza o frete.
Para compra pelo Clube de Autores clique no botão abaixo, para comprar direto conosco envie um e-mail para vendas@pesqueirahistorica.com 
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O Jeito Luiz Neves de Fazer História

Nessa busca incessante por material sobre a história de Pesqueira descobri os mais diversos tesouros, de todos os tipos. Há aqueles livros consagrados, que todo mundo fala, comenta, indispensáveis para qualquer um que queira se inteirar do assunto. Talvez os maiores exemplos destas obras sejam Pesqueira e o Antigo Termo de Cimbres, de seu Cazuzinha Maciel, e Ararobá, Lendária e Eterna, do Dr. Luis Wilson. De fato são dois livros dos quais não se pode abrir mão quando o assunto for a história local.
Foto: Pequeira Notícias
Os historiadores, mesmo os que historiam apenas por amor à terra, como é o caso dos dois mestres citados, se apegam demais a documentos e outras fontes formais, o que é natural e evidentemente necessário. Então se tem um texto sério, apurado, confiável, de qualidade histórica verdadeira. Mas ainda há aquele escritor que “brinca” de escrever, que observa os arredores, o que se passa nos bares, nas feiras, nas calçadas. Para alguns, a experiência de ler um texto como esse é como viajar no tempo e parar numa época não vivida, tamanha a vivacidade da história contada. Parece que era a gente que estava ali escorado na parede da venda enquanto um “seu Zé” qualquer entrava para comprar uma garrafa de cajuína ou um pacote de mata-fome. Dá aquela sensação gostosa de ver pela janela de casa as pessoas passando na rua, se cumprimentando com um “boa tarde” enquanto o Sol se prepara para descer em repouso depois de iluminar o dia. Esse é o sentimento que tive quando conheci a obra de Luiz Neves. 
Meu primeiro contato com suas crônicas foi com Pesqueira – Evocação Ano 100, que comprei assim, sem querer, e não consegui parar de ler até alcançar a última linha da última página. A parte sobre os tipos populares é particularmente impressionante, um trabalho sem par, carregado de extrema honestidade para com os personagens que trata. Estes são na verdade pessoas reais, cidadãos de uma Pesqueira de outrora, que o tempo, cruel como só ele, tem insistido  em querer apagar. Mas Luiz Neves, generoso conosco, conseguiu guardar um precioso pedacinho deles ali, dentro daquelas cento e tantas páginas. E eles estão sempre disponíveis a visitas, quantas vezes a gente quiser, basta abrir o livro em um dos capítulos onde eles “vivem”. É tudo muito real: o modo de vida, o jeito de falar, de se comportar. É um registro sem máscaras, sem mistérios ou adereços, que mostra o povo do jeito que o povo é.
Ele era um contista e tanto e muitas de suas crônicas são assim vestidas. Elas provocam emoções de todos os tipos. Entre outras, nós rimos além da conta com a história de Estambo de Arubú, que “escapou fedendo” de um de seus pitorescos trabalhos e nos surpreendemos demais com o fenomenal Maro Doido e suas “contanças” nas ruas de Pesqueira. Isso sem falar no episódio comovente de seu desaparecimento na tentativa de lutar pelo País na 2ª Grande Guerra. Só lendo para entender o que estou falando. São histórias tão bem contadas que conseguimos montar em nossas mentes seus cenários com facilidade. Elas fluem tão naturalmente que nos levam de volta a caminhar pelas ruas de terra da cidade, hoje desaparecidas, cobertas pelo asfalto da modernidade.
Nesta obra há ainda sua frase genial, a frase por qual eu vinha procurando desde o começo da minha existência como pesqueirista, a frase que me causa inveja por não ter tido a sensibilidade suficiente para criar: “Na realidade, Pesqueira é, numa síntese, o meu verdadeiro Brasil!”. 
Ainda achando pouco, ele deixa como presente para as futuras gerações, para os que estarão comemorando os duzentos anos de Pesqueira, uma carta tão emocionada que duvido que os olhos de um verdadeiro pesqueirense não queiram se banhar em lágrimas. 
Luiz Neves teve para Pesqueira uma importância impossível de ser descrita nestas tão poucas linhas, e não só no campo da Literatura,  já que foi também um respeitado homem da política. Mas reverencio sua memória neste momento especialmente em nome de pessoas simples que nenhum outro escritor parou para enxergar e dar a merecida importância. Ele foi um dos poucos a perceber que a história não é feita só de nobreza, de títulos e patentes. Graças a ele, homens sem nome se tornaram imortais.
Oliveira do Nascimento.
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