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Comentário Sobre a Casa Grande | Por Pe. Eduardo Valença

Comentário escrito pelo Pe. Eduardo Valença a respeito da matéria Remontando a Fazenda Poço Pesqueiro

Uma indicação das datas das construções, ou pelo menos da seqüência delas, seria possível por meio de uma arqueologia das construções em si.  Qual das casas é em taipa? Meu pai falava de uma casa no centro construída em taipa que ninguém percebe por fora. Seria possível pelas seteiras que existiam nas edículas (hoje demolidas ou desfiguradas) dos sobrados geminados.

À esquerda a casa grande. À direita, do outro lado da rua, a senzala.

Curiosíssimo: surgirem sobrados geminados em pleno sertão, a infinita distância da capital.  Os pedreiros vieram de lá? Evidencia uma planta elaborada, uma intenção desde o alicerce, a escada comum a dois, como um prédio de apartamentos, isso numa fazenda!!! (não há uma rachadura neles!). Indica talvez o melhor terreno para se construir.  

Seria preciso examinar as empenas das casas de todo o arruado, uma a uma, para verificar qual foi construída primeiro, mas ninguém pode sair por ai descascando o reboco das casas particulares. E se foi a casa grande alguma casa do lado esquerdo da capela? O padrão de Jenipapo, fazenda mais antiga, é uma casa senhorial térrea – cemitério – capela.  Será que a primeira casa de Pesqueira não foi também do lado esquerdo da Capela? As pessoas antigas tinham algum preconceito contra casas velhas, quem sabe não destruíram a primeira casa?  Nessa hipótese, há muito terreno a escavar.
A atual câmara, que não se justifica ainda ali funcionar, tanto espaço que se tem, está aí a Peixe inteira pra a receber – ali é lugar para uma biblioteca, um museu, ou semelhante. Pois bem, aquele prédio parece inspirar-se na Cadeia do Brejo, projeto do engenheiro francês Luís Vauthier, até pela localização, estrategicamente situada a cavaleiro de todo o entorno, na extremidade oeste da chã, sobre a qual se situa todo aquele sitio e casas, com privilegiada visão das antigas várzeas, hoje quase não mais existentes.
Luiz Wilson fala de uma casa de hóspedes…Qual a primeira casa? A favor da Câmara:  a senzala defronte, que ainda aparece em antigas fotos, que funcionou algum tempo como depósito de lixo e hoje campeia,  imponente, a casa da família Araújo Barros. Morreu a mulher com mais de cem anos que poderia dizer qual teria sido.
E há o folclórico assunto das botijas com seus caçadores (eles existem), aí já fica para o próximo capítulo.
Pe. Eduardo Valença.

Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.
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