A Gazeta de Pesqueira


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Cabeçalho da Gazeta de Pesqueira, de 15/11/1904 |
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Sebastião Cavalcanti (fundador da Gazeta de Pesqueira) e família. |
Embora o jornal de Anísio e Alípio tenha sido de fato o primeiro passo da imprensa em Pesqueira, ele era apenas um “jornalzinho” de estudantes, embora com todos os méritos. Em 1902, no dia 15 de novembro, surgiu então o primeiro grande jornal da cidade: A Gazeta de Pesqueira. Seu fundador foi Sebastião Cavalcanti, na época um importante comerciante, empreendedor e homem de ampla visão. Entre seus colaboradores estavam nomes como Adolfo Santos e Francisco Alexandrino de Albuquerque Melo e Zeferino Galvão, este o maior escritor pesqueirense de todos os tempos.
Primeiro sobrado à esquerda: sede da Gazeta de Pesqueira. Foto da coleção dos ex-alunos do Colégio Cristo Rei |
O primeiro número da Gazeta tinha sido anunciado 15 dias antes, no dia 01/11/1902, por um pequeno jornal chamado O Colibri, que teve apenas uma edição, especialmente para anunciar a novidade que estava por vir. Aquela primeira edição do jornal de Sebastião Cavalcanti trouxe uma matéria de Zeferino Galvão sobre a Proclamação da República, o que veio a calhar, já que era então 15 de novembro.
O semanário tinha 4 páginas, e às vezes saía com páginas extras, em suplemento. Depois aumentou definitivamente de tamanho, passando a sair com 6 e depois com 8 páginas. Em 1903 uniram-se ao jornal Thomaz de Aquino de Almeida Maciel, Benjamim Caraciolo, João Chacon e Lauro Sílvio.
Zeferino Galvão: o homem que derrotou gigantes. |
Em 16/02/1908 o jornal muda novamente de formato e passa a ter 51 x 32 cm. Foi também naquele mesmo ano que Zeferino Galvão, a 15 de dezembro, passou a publicar o seu romance Olâmpio, o Corvo, no rodapé da Gazeta. Em 26/08/1909 passa a publicar do mesmo modo o romance Cadete Bonifácio.
Em 26/11/1911 a publicação da Gazeta de Pesqueira é suspensa, só retornando um ano depois. Seu retorno conta com Glicério Maciel (o mesmo do já antigo jornalzinho O Serrano), que na época enviava seus textos de São Paulo, onde vivia.
Em 1916 junta-se à redação o grande historiador José de Almeida Maciel (seu Cazuzinha Maciel) e o cel. Antônio Japyassu.
A publicação circulou até 1921. Logo depois Zeferino Galvão mudou-se para Recife e lá faleceu em 1924.
Em 1952 a Gazeta de Pesqueira voltou sob a direção de Luiz Neves e tendo Pedro Santa Cruz como gerente. Nessa segunda fase houve a colaboração de, entre outros, Aloísio Falcão, seu Oton Almeida, Jarival Cordeiro e ainda contava com o sempre ativo no jornalismo Glicério Maciel.
Houve ainda uma terceira e quarta fase da Gazeta, em 1961 e 1972, quando foi prefeito de Pesqueira Luiz Neves nas duas oportunidades. Nessas últimas fases, que pouco duraram, estiveram a frente da publicação Oton Almeida, Antônio Farias e Rinaldo Jatobá.
Nunca é demais lembrar que foi nas folhas da Gazeta de Pesqueira que notícias foram dadas e batalhas foram travadas entre Zeferino Galvão e a Great Western sobre a passagem da estrada de ferro entre Sanharó e Pesqueira. Se a nada mais o jornal tivesse servido, isso só já seria motivo suficiente para que sua memória fosse mantida até o fim dos tempos. Aquele “jornalzinho” do interior marcou uma época na qual homens simples conseguiam derrotar gigantes.
Fontes:
Luiz Wilson (Ararobá, Lendária e Eterna, 1980);
Pe. José Maria da Silva (A Imprensa na História de Pesqueira, in Pesqueira Secular, 1980).
Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.