Autor: Marcelo Oliveira Nascimento

Marcelo Oliveira Nascimento é historiador, formado em Sistemas de Informação com especialização em História e Antropologia. É sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Pesqueira e autor de vários livros sobre a história de Pesqueira e Cimbres. É administrador do Pesqueira Histórica desde 2010, que conta com site, podcast e um canal no YouTube, plataformas todas voltadas à divulgação da história local.

A Estrada [fragmento]


[…] por volta de 1800, Manuel José de Siqueira já tinha um cargo significativo em Cimbres, que, como única sede de município na região, funcionava como uma espécie de capital regional. E ainda era ativo no Moxotó, sendo capitão comandante daquela região subordinada à vila. Foi ele, como titular do posto em 1802, que ajudou o capitão Custódio Moreira dos Santos nos reparos do caminho das boiadas, que muitos anos depois serviu de guia para a atual rodovia BR-232 [BARBALHO, 1977, p. 84] e foi de fundamental importância para o desenvolvimento do interior de Pernambuco, ligando o litoral a Cabrobó, no Sertão. Em ofício enviado pela Junta Governativa da Capitania de Pernambuco a Siqueira naquele ano, demonstra que ele era capitão da ribeira do Moxotó e Ararobá. Era uma resposta ao comandante, que tinha mandado carta com informações de sua ajuda ao capitão Custódio nas obras da estrada real. O curioso documento, constante nos Documentos do Arquivo – Vols. IV e V e transcrito por Ulysses Lins de Albuquerque em Um Sertanejo e o Sertão entre as páginas 84 e 85 (Livraria José Olympio Editora, 2ª edição, 1976), apresenta-se da seguinte forma (com ortografia da época):
Fomos entregues da Carta de VM, de 9 do corrente, relativa ao negócio da factura das Estradas e Curraes da q. inspeção se acha por nós encarregado Custódio Moreira dos Santos, estendendo Nós aos justos motivos q. VM nos representa da grande seca que se experimenta nesses certoens esperamos de VM, que logo que o tempo for mais favorável ponha em execução a factura das Estradas e Curraes que se puderem adoptar em todo o Seu destrito na forma determinada pelo dito Inspetor, por ser um objecto muito importante ao R. I. Serviço, e ao público. Esperamos do zelo, e actividade e honra com que VM se deve empregar nas funçoens do seu Posto assim o execute para deste modo termos occazions de o louvar. – D. Ge. a VM. R. e 15 de Sbro. De 1802. – Pedro Sheverim. Men. X.er Carnº da Cunha – José Joaquim Nabuco de Aº – (ao) Com. e da Rib.a do Arobá, e Moxotó. [ALBUQUERQUE, 1976, pp. 84-85]

A carta enviada por Siqueira para o governo certamente era para se divulgar na capital, obtendo mais prestígio e força para o seu nome. O fato é que a então nova estrada abriu novos meios para o desenvolvimento da região, embora aquela importantíssima obra, bem como o seu principal executor, o capitão Custódio Moreira dos Santos, estejam hoje inteiramente esquecidos.

Observações:
O presente texto é um fragmento do livro inédito “Pesqueira de 1800”. Como tal, contém trechos suprimidos e resumidos.
Quando da publicação em papel, ele poderá sofrer alterações causando discrepâncias com a versão ora apresentada.


Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.

Casamentos em Jenipapo – parte 3 [fragmento]


O terceiro casamento, de Francisco Xavier Paes de Melo Barreto com Ana Vitória (filha do capitão-mor Coelho), mais tarde resultaria em brigas, desavenças e tragédias na família, mas ocorreu em 1814 com muita festa, talvez a maior que já se viu por essas paragens, conforme descreve Nelson Barbalho:
Ao que se diz, o casamento de FRANCISCO XAVIER PAIS DE MELO BARRETO com ANA VITÓRIA COELHO DOS SANTOS era festa de três dias de duração, realizada no Solar de Jenipapo e movimentada por centenas de pessoas das mais diferentes categorias sociais, com bebidas finas importadas da Europa, comidas variadas e em tamanha quantidade de causar espanto entre os convivas menos avisados. O capitão-mor SANTOS COELHO, satisfeitíssimo com o casamento da “menina caçula” com um moço fidalgo de alta linhagem, não olhava despesas efetivadas com o notável acontecimento social de todo o Agreste e Sertão da Capitania de Pernambuco. [BARBALHO, 1983, p. 156] (grifos do autor)
Para Barbalho, tal casamento ocorreu em 1814, provavelmente no mês de maio. Ele não cita fonte, mas é bem provável, pois esse sempre foi o tradicional “mês das noivas”. Também não encontro a fonte que o autor usou para detalhar a festa de casamento, mas, sobre o ano de 1814, é bem provável que esteja correto. O livro de matrimônios mais antigo que restou na paróquia de Cimbres é de 1816 e nele não consta o registro do casamento. E nem poderia, pois a filha mais velha do casal Xavier e Ana Vitória, a menina Teresa Sofia, tinha 15 anos em 1830 [MACIEL, 1980, p. 174], tendo nascido, portanto, em 1815, antes, evidente, do fato ter ocorrido.
Deste enlace, nasceu Francisco Xavier Paes Barreto, que, mais tarde, se tornaria o conselheiro Paes Barreto, juiz, comandante da Marinha do Brasil durante o Segundo Reinado, ministro das relações exteriores e senador do Império.
Observações:
O presente texto é um fragmento do livro inédito “Pesqueira de 1800”. Como tal, contém trechos suprimidos e resumidos.
Quando da publicação em papel, ele poderá sofrer alterações causando discrepâncias com a versão ora apresentada.


Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.

Pesqueira perde Gilvan Maciel

Marcelo O. do Nascimento


Pesqueira perdeu, no dia 6  deste mês, o último de seus grandes historiadores. Para a cidade, verdadeiramente uma era é encerrada, essa é a maior perda que a historiografia local poderia sofrer.

Acadêmico da área de medicina veterinária, Gilvan Maciel ganhou grande destaque neste campo, mas era um aficionado pela história de Pesqueira, assim como foi o seu pai, José de Almeida Maciel. Inclusive, ele foi responsável pela organização e publicação de inúmeros  de seus artigos, que foram compilados nos livros Pesqueira e o Antigo Termo de Cimbres, Ruas de Pesqueira e Toponímia Pernambucana.

Além de ser o principal responsável pela vinda à tona da produção intelectual do pai, Gilvan produziu material de grande qualidade na mesma área, entre eles estão as interessantíssimas notas inclusas no Livro da Criação da Vila de Cimbres e também as Crônicas da Pátria Pesqueirense. Recentemente ele foi o organizador do livro Patronos da Academia Pesqueirense de Letras e Artes e estava organizando mais dois trabalhos, estes sobre os pesqueirenses Anísio Galvão e Eliseu Araújo.

Gilvan Maciel era o maior conhecedor vivo da história de Pesqueira, era da mesma estirpe literária de Nelson Barbalho, Cazuzinha Maciel e Luís Wilson. Com sua partida, nós, desta nova geração de pesquisadores, ficamos sem nossa maior referência, mas suas lições continuarão eternamente, seus escritos permanecerão nos ensinando, sempre.


Descanse em paz, professor.

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31 de agosto de 2014: Desejo que me façam uma festinha


Pe.Rafael Maria F. Da Silva, OSB.

Prezados Peregrinos de Nossa Senhora da Graça do Sitio Guarda,
Dia 31 de Agosto é a data da «festinha» pedida por Nossa Senhora no seu «Cantinho», o Sítio Guarda.
Completar-se-á os 78 anos das supostas aparições nesta data e que ainda, infelizmente, a Igreja não se posicionou sobre um fato tão inusitado e rico de espiritualidade. Mas nada de esmorecer, quem sabe isto acontece por falta do nosso entusiasmo e de vivência das mensagens da Virgem deixado naquele local. Observa-se um desconhecer por completo do que Nossa Senhora pediu ali, ao qual o seu pedido é conforme os ditames do Evangelho e mandamentos da Igreja.

Imagem: http://aparicoes.leiame.net
A maior festa que poderemos fazer a Nossa Senhora é ir ao seu encontro com um coração desejoso de conversão e reparação aos Corações de Jesus e Maria por tantas ingratidões de nossa parte.
Sugiro que, antes de fazer a sua Peregrinação, se prepare com uma Novena ou Tríduo a este encontro com Maria, aproximando-se do Sacramento da Reconciliação. Nas nossas peregrinações anteriores foi disponibilizado um «Manual do Peregrino do Sítio Guarda» justamente para ajudar e facilitar estes momentos de espiritualidade e catequese à luz das mensagens de Nossa Senhora em Pesqueira.
Tudo leva a crer que o conteúdo do que Maria de Nazaré disse no Sítio Guarda merece um aprofundamento e estudo sério para o bem espiritual do povo de Deus. Para isto é preciso que, os devotos se empenhem em estimular a quem de direito a uma investigação séria e eficaz. Observa-se muita superficialidade no peregrinar e nada de concreto… Grupos separados e independentes sem sinais de busca por uma verdade dos fatos de 1936.
Ora, a devoção mariana por vezes cai em torpor e apatia justamente por que, os fiéis estão soltos e abandonados ao seu próprio destino e dai se cai em demonstrações de fé exagerada e infrutífera.
Sem fazer competição de fé, mas irmanados em um só desejo de que o Evangelho de Cristo seja a luz para os homens e mulheres de boa vontade vamos nos unir, estudar e aprender o que a Virgem das Graças nos deixou no Sítio Guarda a 78 anos. Perdoar o passado e viver com entusiamo o presente. Nós merecemos isto, a Igreja merece isto e o povo de Deus merece isto.
Aqui fica uma pergunta: O que faremos para os «80 anos» destas supostas aparições em 2016? Ficaremos na inércia ou tapar os olhos com a peneira, com atitudes de supostas práticas das mensagens que nem as conhecemos em concreto? Cristo, Nossa Senhora e a Igreja merecem o melhor!

Vamos nos mobilizar para que, os acontecimentos de 1936 sejam um verdadeiro marco de vida ativa com o Evangelho e que as graças recebidas ali pela intercessão da Virgem Medianeira da Graça sejam mais divulgadas em benefícios de muitas almas sedentas de Deus.




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Livro Pesqueira Histórica – Volume 2

Já está a venda o volume 2 da série de livros Pesqueira Histórica. Os artigos constantes na edição são, em sua maioria, versões estendidas e melhoradas dos artigos publicado no site, mas há alguns inéditos. A leitura valerá a pena.

Para comprar, vá até o site do Clube de Autores neste link: Livro Pesqueira Histórica – Volume 2
No valor do livro não são cobrados os direitos autorais do autor, você está pagando tão somente pelo produto.
Depois de ler o livro mande seu comentário para o autor pelo e-mail contato@pesqueirahistorica.com, não é necessário ser sobre todo o livro, escreva um comentário pelo menos sobre um dos artigos. Os melhores textos, que se enquadrarem mais com o estilo editorial da obra, serão incluídos na contra-capa da próxima edição.
Façam um bom proveito!

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Restauração da nossa memória [Pesqueira Notícias]

Precisamos com urgência restaurar parte da nossa memória municipal. Prédios, praças, monumentos etc. e coisa e tal. E sem esquecer das placas de ruas e de locais públicos. Vamos a um exemplo: por que não há mais no nosso campo de pouso a placa com o nome do aviador Libério Martins? E há outros reparos que são necessitários fazer. É pena que as entidades que deviam lutar pela nossa memória municipal e pela nossa história não se pronunciem, preferem ficar omissas. A cultura não é faz de conta.
Pesqueira Notícias, agosto de 2014
Reprodução


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Casamentos em Jenipapo – parte 2 [fragmento]

Marcelo O. do Nascimento

No mesmo livro onde se registrou o matrimônio de Siqueira e Clara estariam registrados os casamentos de Domingos de Souza Leão e Tereza de Jesus Coelho dos Santos e de Francisco Xavier Paes de Melo Barreto e Ana Vitória Coelho dos Santos.

O enlace de Souza Leão com Tereza de Jesus, conforme conta Nelson Barbalho, ocorreu em 1810. [BARBALHO, 1977, pp. 127-128]:
Tenente-coronel Domingos de Souza Leão, moço de fino trato, natural de Olinda, descendia em linha reta da Casa do Moreno, em Rãs, Portugal, ou, mais especificamente, da nobre família Souza Leão, do Porto. Na casa-grande da Fazenda Jenipapo, aos 13 de novembro de 1810, com festividades de dois dias de duração, casa com a jovem Tereza de Jesus Coelho dos Santos, fixando residência ali mesmo, a pedido da sogra, aliás. Dentro de pouco tempo se torna um dos influentesdo Urubá, vereador, político, presidente do Senado da Câmara de Cimbres, seu juiz ordinário. (grifos do autor)
O novo casal, mais tarde, seria os pais de Domingos de Souza Leão Jr., o barão de Vila Bela, importante figura na história de Pernambuco. Como antes falamos, o livro de matrimônio está desaparecido e Barbalho não cita a fonte da qual teria tirado a data exata do casamento, mas é provável que tenha se baseado em nota (já citada) do Diário de Pernambuco do ano de 1878 sobre a morte de Tereza de Jesus Coelho de Souza Leão (esse era seu nome de casada), em cujo trecho encontramos:
Em 13 de novembro de 1810, tendo 20 anos de idade nessa quadra em que a vida se povoa das mais encantadas visões, casou com o tenente-coronel Domingos de Souza Leão []
Também não sabemos de onde veio a informação das “festividades de dois dias de duração”.
[CONTINUA…]
Bibliografia
BARBALHO, Nelson, Caboclos do Urubá,  1977.

 Observações:
O presente texto é um fragmento do livro inédito “Pesqueira de 1800”. Como tal, contém trechos suprimidos e resumidos.
Quando da publicação em papel, ele poderá sofrer alterações causando discrepâncias com a versão ora apresentada.


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Casamentos em Jenipapo: Parte 1 [fragmento]

Foto: Renato Julião

Antônio dos Santos Coelho da Silva era o rico proprietário da fazenda Jenipapo, hoje pertencente ao município de Sanharó. Muitos o apontam como um dos homens mais ricos de Pernambuco em sua época. E não era por acaso, pois ele não se acomodou quando herdou sua imensa propriedade de terras de criar. Na verdade foi ele quem transformou essas terras numa máquina de construir riquezas. Segundo Nelson Barbalho, ele “havia chegado a Pernambuco de mãos abandonando, pobre de Job, sem eira nem beira” e “trabalhando de sol a sol, economizando muito, gastando pouco, tornara-se, depois de algum tempo, o homem mais rico da região” (1).

Como não teve filhos varões, mas moças apenas, sua casa tornou-se assim um atalho para o poder e para a riqueza, trilhado por homens de todas as partes de Pernambuco.
A filha mais velha do casal Antônio dos Santos Coelho da Silva e Tereza de Jesus Leite era Clara Coelho dos Santos. Ela foi a primeira a se casar e seu pretendente era Manuel José de Siqueira, da fazenda Jeritacó, filho de Pantaleão de Siqueira Barbosa, português tão citado na historiografia local.
Não se sabe exatamente em que ano e lugar ocorreu o casamento dele com Clara. Em 1802 foi quando nasceu o primeiro filho do casal, a menina Ana Clara Coelho de Siqueira, assim o casamento certamente é de data anterior (2). Em todos os trabalhos que se lê sobre a história de Pesqueira, encontra-se sua fundação como ocorrida em 1800 e tendo Siqueira como fundador. A confirmação dessa informação poderia ajudar a elucidar o capítulo do casamento, já que Pesqueira foi construída em terra recebida como dote, não havendo dúvida sobre isso. Quem confirma a informação do dote e, ao mesmo tempo questiona a data da fundação de Pesqueira, é Augusto Duque, no seu trabalho já citado: Documento Sobre o Agreste, de 1947. Segundo ele, na página 14 daquela publicação, o “sítio Pesqueiro” foi dado a Siqueira em 1801. Assim,é provável que o casamento tenha sido naquele ano ou pouco antes. Sobre o lugar da celebração, o mais provável é que tenha sido em Cimbres, pois naquela data a fazenda Jenipapo ainda não tinha capela, a não ser que a celebração tenha ocorrido na casa-grande, como também era comum na época.


Marcelo O. do Nascimento

Bibliografia
1: BARBALHO, Nelson, Cronologia Pernambucana – Vol. 9, p. 240.
2: NASCIMENTO, Marcelo O. do, Pesqueira Histórica – Vol. 2, p. 40.
Observações:
O presente texto é um fragmento do livro inédito “Pesqueira de 1800”. Como tal, contém trechos suprimidos e resumidos.
Quando da publicação em papel, ele poderá sofrer alterações causando discrepâncias com a versão ora apresentada.

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A fazenda Jenipapo [fragmento]

Marcelo O. do Nascimento
Enquanto no sertão do Moxotó eram fundadas várias fazendas e sítios de lavoura e criação, a partir de meados do século XVIII, um lugar muitas léguas distante dali, crescia tanto em importância, que em 3 de abril de 1762 era elevado à categoria de vila e sede de município, a tão referenciada Cimbres.

[…] A povoação, com sua igreja matriz e, mais ainda, a partir de 1762, como sede de governo, atraiu um mundo inteiro para lá. Cada homem, querendo uma fatia do poder recém-instalado, começou a subir a serra do Ararobá até alcançar o senado da câmara. Entre estes estava o português Antônio dos Santos Coelho da Silva. 
[…]
Não exatamente, onde ficava o senado, mas, começando a umas três léguas abaixo, o português era dono de uma imensidão de terras, que se estendiam da atual cidade de Pesqueira até alcançar as fronteiras atuais dos municípios de Sanharó e Belo Jardim. Tais propriedades foram antes dos padres oratorianos, os mesmos que foram proprietários também das terras de Pantaleão de Siqueira Barbosa [no Moxotó]. No entanto, Santos Coelho não as adquiriu diretamente àquela congregação religiosa, mas as herdara de sua tia, a misteriosa e pouco registrada nos livros de História, Suzana da Silva [CARACIOLO, 1998, p. 37], que como se percebe era mais rica de bens do que de nome.
É unânime entre os historiadores que suas terras foram passadas a Antônio dos Santos Coelho da Silva, mas o que não se falou até agora é sobre como elas foram parar em suas mãos. Num antigo mapa datado de 1811 (e com acréscimos em 1813), feito por José da Silva Pinto, apresenta-se, num painel, o destino das terras que foram dos referidos congregados. Num trecho relevante, encontramos:
Sítio do Sapato, mais uma porção de terras do Curral dos Bois, menos uma porção de terras denominado [sic] Mimoso, a que era do logrador do dito Sapato, venderam [os padres] a Dona Suzana da Silva […]
No documento não consta o ano desta venda, mas creio que foi entre 1864 e 1784, pois, imediatamente antes, está registrado que o sítio São João foi vendido a Antônio Alves Passos em 1764 e, imediatamente depois, o documento registra a venda do sítio Jacarará a Bartolomeu Francisco e a Inocência Martins em 1784. Depois disso há registro de venda de outra terra em 1789, dando a clara impressão de que os registros foram distribuídos no mapa em ordem cronológica das negociações. 
De qualquer forma, todos os pesquisadores afirmam que Santos Coelho tomou posse da área da fazenda Jenipapo, herdada de dona Suzana da Silva, em 1786 e todos eles contam a mesma história. Dizem que naquele ano, descendo da vila de Cimbres, o português foi fazer o reconhecimento de sua propriedade, tendo ali se perdido. Assim, ele teria feito uma promessa a Santo Antônio, que, se achasse o caminho de volta, construiria uma capela sob aquele orago.
[…]
Observações:
O presente texto é um fragmento do livro inédito “Pesqueira de 1800”. Como tal, contém trechos suprimidos e resumidos.
Quando da publicação em papel, ele poderá sofrer alterações causando discrepâncias com a versão ora apresentada.

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