Os cem anos da Diocese de Pesqueira

Marcelo O. do Nascimento

Em 1917, em visita a Pesqueira, Dom Sebastião Leme, então arcebispo de Olinda, trazia a notícia de que a cidade seria sede de uma diocese. Sua excelência foi recebido pela banda do município e pelos atiradores do Tiro de Guerra de Pesqueira e Alagoinha com os festejos e o entusiasmo que a ocasião exigia. Nos dias que passou na cidade, houve muita movimentação pelas ruas até tarde nas noites iluminadas pela maravilhosa luz elétrica, uma refinada e rara tecnologia na época.

Àquela altura, Floresta era a única sede de bispado no interior, cuja Sé havia sido instalada em 1910. No entanto, embora a boa vontade e o coração do povo florestense tivesse acolhido com calor Dom Augusto Álvaro e, em 1915, Dom José Lopes como seus pastores, as dificuldades no trajeto entre a cidade sertaneja e suas paróquias, fez com que Pesqueira fosse candidata a seu novo endereço, oferecendo melhor acesso, inclusive contando os serviços ferroviários da Great Western, que na época chegava até o distrito de Rio Branco (hoje cidade de Arcoverde). Para se deslocar da capital para Floresta era até ali que o bispo ia de trem, fazendo o restante do caminho a cavalo.

Foi num telegrama lido por Dom Leme em Pesqueira, enviado pelo cardeal Joaquim Arcoverde, que se ouviu, talvez pela primeira vez, o apelido de Atenas do Sertão. Na correspondência, a evidência da influência do cardeal no processo da transferência do bispado. O arcebispo de Olinda, pessoalmente, percorreu algumas ruas em busca do lugar ideal para instalação da cúria. Por fim, o coronel José Didier cedeu a famosa casa de sobrados que no começo do século XIX pertenceu a Manuel José de Siqueira, onde até hoje funciona o palácio do bispo.

No ano seguinte, em 2 de agosto de 1918, o Papa Bento XV, pela bula Archidiocesis Olindensis Recifensis, enfim transferiu a Diocese de Floresta para Pesqueira, consolidando o projeto tão festejado e esperado pela população local e da região. Naquele dia abriu-se um horizonte além do que antes se enxergava no chão pesqueirense.

Muito já se se escreveu sobre os feitos da diocese de Dom José Lopes, que chegou de trem em 1919 para assumir o báculo em sua nova terra, onde viveu até 1932. Seu primeiro século foi marcado por um grande evento, que teve uma preparação que durou 5 anos e culminou com 4 dias de festa e contou com a participação de todas as paróquias, que expuseram suas histórias particulares numa amgnífica exposição. Para as celebrações, vieram bispos de outras dioceses, entre elee, Dom Dino Marchió, Dom Francisco Biasin e Dom Orani Tempesta, cardeal arcebispo do Rio de Janeiro.

Não querendo ser redundante, encerro essa nota dando os parabéns a Dom José Luiz Sales CSsR, que entra para a história como o bispo do centenário, tendo sido responsável pela maior celebração até agora registrada na história da Igreja de Pesqueira.