Que é feito de Seu Queiroz?
Por Jodeval Duarte
(jornal Pesqueira Notícias / reprodução)
Ele passou por Pesqueira plantando o futuro. Deu voz mais extensa à população, fez uma pequena revolução criando a Companhia Telefônica de Pesqueira. E quando faltava luz – principalmente no Cinema Moderno na hora da série de Flash Gordon – era a ele que recorriam. Tempos de emoções partilhadas, tempos de vizinhanças como uma grande clube familiar. E Seu Queiroz teve muito a ver com isso. Quando? Eis a questão. Busquei, cascavilhei, perguntei, cá fora e em Pesqueira, e nada. Um silêncio e uma raridade, tanto quanto esse termo “cascavilhei”, que não se encontra no Dicionário da Academia Brasileira de Letras com a nova ortografia, sequer no Dicionário Houaiss (conciso, é verdade), mas lá está no magnífico Caldas Aulete, que nunca me deixou na mão. Cascavilhar (termo de uso no Nordeste, nosso Nordeste), que quer dizer remexer, esgaravatar à procura de alguma coisa (ou de alguém, acrescento).
O que cascavilho, então: Que é feito da memória de Seu Queiroz? Quem ainda guarda alguma lembrança, além do que foi deixado por Jarival Cordeiro no extenso artigo que fez para falar dele, de Tito Wanderley e Jurandir Brito de Freitas? Ali estão traços de alguns episódios da história pesqueirense de Seu Queiroz e não é pouco o que ele construiu, pelo que se torna difícil entender o monumental silêncio que cerca a história desse homem que, diz Jarival, “deu a Pesqueira status e ao povo um meio de comunicação muito bom”, além de ter sido chefe da Casa de Força, quando não tinha a energia de Paulo Afonso. Pois bem, procurei informação no arquivo público municipal e nada. Apenas uma luz começa a brilhar e busco ansioso encontrar caminho: Francisco Neves, o jornalista do Pesqueira Notícias e dono do melhor museu que já vi no interior de Pernambuco.
O que fazer para tirar do esquecimento o “homem austero, simples, honrado e inteligente” que “aqui aportou não sei como nem quando, cuidando da Usina Elétrica e instalando telefone de manivela, feito, acredito, quase pioneiro no Estado” – nas palavras de Jarival. Esse depoimento é uma espécie de atenuante para se entender por que Seu Queiroz é desconhecido das gerações mais novas. Se o articulista não sabia quando nem como o criador da Companhia Telefônica de Pesqueira lá chegou, o que dizer dos que vieram na segunda metade do século XX? Por isso sirvo-me do Pesqueira Notícias e da generosidade de Francisco Neves para pedir a ajuda dos mais velhos que podem tirar da memória cenas da passagem de Seu Queiroz e dar à cidade mais esse patrimônio cultural, entre tantos criados pelos seus filhos notáveis no jornalismo, na literatura, na atividade pública.
Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.
Seu Queiroz era nosso vizinho na praça Getúlio Vargas, ele numa esquina e nossa família na outra!
Eu era muito criança ainda quando por várias vezes avistaa aquele homem de apar~encia austera passando pela calçada de lá de casa, olhando para o céu e com uma vara na mão desenroscando os fios da rede telefônica!
Pesqueira realmente deve uma homenagem e stirar a poeira do esquecimento que cobre a memória desse homem singular para a história de nossa pesqueira querida!