Casamentos em Jenipapo: Parte 1 [fragmento]

Foto: Renato Julião

Antônio dos Santos Coelho da Silva era o rico proprietário da fazenda Jenipapo, hoje pertencente ao município de Sanharó. Muitos o apontam como um dos homens mais ricos de Pernambuco em sua época. E não era por acaso, pois ele não se acomodou quando herdou sua imensa propriedade de terras de criar. Na verdade foi ele quem transformou essas terras numa máquina de construir riquezas. Segundo Nelson Barbalho, ele “havia chegado a Pernambuco de mãos abandonando, pobre de Job, sem eira nem beira” e “trabalhando de sol a sol, economizando muito, gastando pouco, tornara-se, depois de algum tempo, o homem mais rico da região” (1).

Como não teve filhos varões, mas moças apenas, sua casa tornou-se assim um atalho para o poder e para a riqueza, trilhado por homens de todas as partes de Pernambuco.
A filha mais velha do casal Antônio dos Santos Coelho da Silva e Tereza de Jesus Leite era Clara Coelho dos Santos. Ela foi a primeira a se casar e seu pretendente era Manuel José de Siqueira, da fazenda Jeritacó, filho de Pantaleão de Siqueira Barbosa, português tão citado na historiografia local.
Não se sabe exatamente em que ano e lugar ocorreu o casamento dele com Clara. Em 1802 foi quando nasceu o primeiro filho do casal, a menina Ana Clara Coelho de Siqueira, assim o casamento certamente é de data anterior (2). Em todos os trabalhos que se lê sobre a história de Pesqueira, encontra-se sua fundação como ocorrida em 1800 e tendo Siqueira como fundador. A confirmação dessa informação poderia ajudar a elucidar o capítulo do casamento, já que Pesqueira foi construída em terra recebida como dote, não havendo dúvida sobre isso. Quem confirma a informação do dote e, ao mesmo tempo questiona a data da fundação de Pesqueira, é Augusto Duque, no seu trabalho já citado: Documento Sobre o Agreste, de 1947. Segundo ele, na página 14 daquela publicação, o “sítio Pesqueiro” foi dado a Siqueira em 1801. Assim,é provável que o casamento tenha sido naquele ano ou pouco antes. Sobre o lugar da celebração, o mais provável é que tenha sido em Cimbres, pois naquela data a fazenda Jenipapo ainda não tinha capela, a não ser que a celebração tenha ocorrido na casa-grande, como também era comum na época.


Marcelo O. do Nascimento

Bibliografia
1: BARBALHO, Nelson, Cronologia Pernambucana – Vol. 9, p. 240.
2: NASCIMENTO, Marcelo O. do, Pesqueira Histórica – Vol. 2, p. 40.
Observações:
O presente texto é um fragmento do livro inédito “Pesqueira de 1800”. Como tal, contém trechos suprimidos e resumidos.
Quando da publicação em papel, ele poderá sofrer alterações causando discrepâncias com a versão ora apresentada.

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Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.