O inventário de Pantaleão de Siqueira Barbosa [fragmento]

Marcelo O. do Nascimento
O português Pantaleão de Siqueira Barbosa, já radicado no sertão do Moxotó e tendo fundado sua fazenda Jeritacó, como é natural, teve com sua consorte, dona Ana Leite de Oliveira, vários filhos. Aliás, vários para os padrões atuais, mas, poucos para a época. Com sua morte, em 1795, o velho português deixou sete herdeiros, cujos nomes vamos buscar no texto de sua partilha ocorrida em cartório da Vila de Cimbres entre 1802 e 1808.
Ulysses Lins de Albuquerque, em Moxotó Brabo, afirma que o óbito do mestre de campo ocorreu em 1793 [ALBUQUERQUE, 1979, p. 6], mas não apresenta confirmação. O mesmo faz José de Almeida Maciel, em Pesqueira e o Antigo Termo de Cimbres [MACIEL, 1980, p. 171]. No entanto, Nelson Barbalho, em Cronologia Pernambucana – Vol. 9, na página 206, afirma que o fato data de 29 de junho de 1795, enfatizando: 
Aos 29 de junho de 1795, Dia de São Pedro, falece em sua opulenta Fazenda Jeritacó o mestre-de-campo PANTALEÃO DE SIQUEIRA BARBOSA (1716-1795), português de nascimento e radicado no Sertão do MOXOTÓ desde a primeira metade do século XVIII. [Grifos do autor]
As informações a seguir, sobre os filhos de Pantaleão de Siqueira Barbosa, foram baseadas na transcrição da escritura de partilha feita por Nelson Barbalho no volume 10 da Cronologia Pernambucana [BARBALHO, 1983, p. 55-66]. Eis os nomes:
Manuel José de Siqueira. Foi o fundador de Pesqueira. Segundo a maioria dos historiadores, o primogênito do casal nasceu em 1742 no Moxotó, mas, como veremos oportunamente, há dúvidas quanto a essa data. 
Antônio de Siqueira Barbosa, que aparece no inventário como herdeiro do sítio Itapicuru, faleceu solteiro devido a um desastre, segundo informação de Nelson Barbalho. Para ele ficaram também “o escravo José, por preço de cem mil reis; Vicência, por preço de oitenta mil reis; mais duas colheres de prata, mais um cágado e contas de ouro, por seis mil e quatrocentos reis.”
Maria do Ó de Siqueira, que recebeu no inventário a fazenda Jeritacó. Ela era casada com o capitão Manuel Alves de Oliveira Melo, fundador de uma capela em Custódia e de uma povoação no território de Águas Belas. Quem aparece no tão citado inventário é na verdade o esposo, que recebeu também “a escrava Rita por preço de cem mil reis; Joaquim, por preço de vinte mil reis; duas colheres de prata e um pente de ouro, e umas armas de busto, tudo pelo preço de dois mil reis”.
João de Siqueira Barbosa, conhecido como Capitão João. Tido como homem de palavra, famoso por sua valentia. Para ele ficou o sítio São Bartolomeu. Ele foi pai, entre outros filhos, de Antônio de Siqueira Barbosa Sobrinho (1810-1885), influente em Cimbres em sua época. No inventário, consta para ele também “a escrava Antônia, por preço de cinquenta mil reis; Tereza, por preço de trinta mil reis; duas colheres de prata, vara e meia de cordão de ouro, por preço de cinco mil reis.”
Joaquim Inácio de Siqueira, fenomenal sertanejo, pai de vinte filhos conhecidos como “Os Vinte de Pesqueira”. No inventário do pai, consta para ele o sítio Jardim. Pela sua importância para a história de Pesqueira, veremos mais detalhes sobre ele em parte especial desta obra. Para ele, consta no inventário, o sítio Jardim e mais “a escrava Ignacia, por preço de oitenta mil reis; Sebastião, por preço de cinquenta mil reis; Luíza, por preço de trinta mil reis; Alexandre, por preço de trinta mil reis; duas colheres de prata e um par de brincos, por preço de dois mil reis”.
Pantaleão de Siqueira Barbosa Filho, para quem ficou o sítio Urubu. Foi pai de, no dizer de Nelson Barbalho (Ob. cit., p. 66), “dois célebres valentões do MOXOTÓ e do ARAROBÁ no século XIX”: João de Siqueira, conhecido como João Vermelho, e Manuel de Siqueira Barbosa, conhecido como Nascimento. Para ele ficaram também “o escravo Zacarias, por preço de cinquenta mil reis; a escrava Romana, por preço de sessenta mil reis; Fabrício, por preço de trinta mil reis; duas colheres de prata, dois anéis e um brinco de ouro, por preço de três mil reis.”
Luiz Rodrigues de Siqueira, foi, assim como os irmãos Manuel José e Joaquim Inácio, comandante do Moxotó. Para ele ficou o sítio Maniçoba e mais “o escravo Francisco, por preço de cem mil reis; a escrava Margarida, por preço de cem mil reis, duas colheres de prata, mil reis; o escravo Félix por preço de vinte e cinco mil reis; duas colheres de prata, mais dois pares de botões de ouro, por preço de oito mil reis”.
Pantaleão de Siqueira Barbosa foi o pai de uma imensa e importante legião de Siqueiras, sobrenome que cruzou com outros tantos, dando origem a diversos ramos de relevância para a sociedade pernambucana. Entre elas: os Cavalvanti, Albuquerque, Lins, Bezerra, Sá, Souza Leão, etc. Não foram poucos os homens e mulheres destas famílias a marcar seus nomes na história nacional.

Observações:
O presente texto é um fragmento do livro inédito “Pesqueira de 1800”. Como tal, contém trechos suprimidos e resumidos.
Quando da publicação em papel, ele poderá sofrer alterações causando discrepâncias com a versão ora apresentada.


Este artigo pertence ao Pesqueira Histórica.